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segunda-feira, 28 de julho de 2014
Ergonomia - Vamos aprender?
Ergonomia (ou "fatores humanos") é a disciplina científica relacionada
ao entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de
um sistema , e também é a profissão que aplica teoria, princípios, dados
e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e o
desempenho geral de um sistema. [ 1 ] [ 2 ] Os ergonomistas contribuem
para o projeto e avaliação de tarefas, trabalhos, produtos, ambientes e
sistemas, a fim de torná-los compatíveis com as necessidades,
habilidades e limitações das pessoas.
História.
O médico italiano Bernardino Ramazzini ( 1633 - 1714 ) foi o primeiro a
escrever sobre doenças e lesões relacionadas ao trabalho, em sua
publicação de 1700 " De Morbis Artificum " ( Doenças ocupacionais ).
Ramazzini foi discriminado por seus colegas médicos por visitar os
locais de trabalho de seus pacientes a fim de identificar as causas de
seus problemas. O termo ergonomia, derivado das palavras gregas ergon
(trabalho) e nomos (lei natural) entrou para o léxico moderno quando
Wojciech Jastrz#bowski o usou em um artigo em 1857 .
No século XIX , Frederick Winslow Taylor lançou seu livro "
Administração Científica ", com uma abordagem que buscava a melhor
maneira de executar um trabalho e suas tarefas. Mediante aumento e
redução do tamanho e peso de uma pá de carvão, até que a melhor relação
fosse alcançada, Taylor triplicou a quantidade de carvão que os
trabalhadores podiam carregar num dia.
No início do anos 1900s , Frank Bunker Gilbreth e sua esposa Lilian
expandiram os métodos de Taylor para desenvolver "Estudos de Tempos e
Movimentos" o que ajudou a melhorar a eficiência, eliminando passos e
ações desnecessárias. Ao aplicar tal abordagem, Gilbreth reduziu o
número de movimentos no assentamento de tijolos de 18 para 4,5
permitindo que os operários aumentassem a taxa de 120 para 350 tijolos
por hora.
A Segunda Guerra Mundial marcou o advento de máquinas e armas
sofisticadas, criando demandas cognitivas jamais vistas antes por
operadores de máquinas, em termos de tomada de decisão, atenção, análise
situacional e coordenação entre mãos e olhos.
Foi observado que aeronaves em perfeito estado de funcionamento,
conduzidas pelos melhores pilotos, ainda caíam. Em 1943 , Alphonse
Chapanis , um tenente no exército norte-americano, mostrou que o "erro
do piloto" poderia ser muito reduzido quando controles mais lógicos e
diferenciáveis substituíram os confusos projetos das cabines dos aviões.
Em 1949 , K.F.H. Murrel, engenheiro inglês, começou a dar um conteúdo
mais preciso a este termo, e fez o reconhecimento desta disciplina
científica criando a primeira associação nacional de Ergonomia, a
Ergonomic Research Society , que reunia fisiologistas, psicólogos e
engenheiros que se interessavam pela adaptação do trabalho ao homem. E
foi a partir daí que a Ergonomia se desenvolveu em outros países
industrializados e em vias de desenvolvimento.
Nas décadas seguintes à guerra e até os dias atuais, a ergonomia
continuou a desenvolver-se e a diversificar-se. A era espacial criou
novos problemas de ergonomia tais como a ausência de gravidade e forças
gravitacionais extremas. Até que ponto poderia este ambiente ser
tolerado e que efeitos teria sobre a mente e o corpo? A era da
informação chegou ao campo da interação homem-computador enquanto o
crescimento da demanda e a competição entre bens de consumo e produtos
eletrônicos resultou em mais empresas levando em conta fatores
ergonômicos no projeto de produtos.
O termo Ergonomia foi adotado nos principais países europeus (a partir
de 1950), onde se fundou em 1959 em Oxford , a Associação Internacional
de Ergonomia (IEA – International Ergonomics Association ), e foi em
1961 que esta associação realizou o seu primeiro congresso em Estocolmo,
na Suécia. Nos Estados Unidos foi criada a Human Factors Society
em 1957 , e até hoje o termo mais frequente naquele país continua a ser
Human Factors & Ergonomics (Fatores Humanos e Ergonomia ) ou
simplesmente Human Factors , embora Ergonomia tenha sido aceita como
sinônimo desde a década de 80. Isto ocorreu porque no princípio a
Ergonomia tratava apenas dos aspectos físicos da atividade de trabalho e
alguns estudiosos cunharam o termo Fatores Humanos de forma a incorporar
os aspectos organizacionais e cognitivos presentes nas atividades de
trabalho humano. Além disso, existe um obstáculo profissional que
envolve a questão, já que somente engenheiros podem ser "human factors
engineers" (engenheiros de fatores humanos)esses profissionais temem
perder mercado ao aceitar uma associação mais efetiva com ergonomistas,
preferindo assim continuar associados à HFES (Human Factors and
Ergonomics Society) mais diretamente relacionada à engenharia.
Bases.
A ergonomia baseia-se em muitas disciplinas em seu estudo dos seres
humanos e seus ambientes, incluindo antropometria , biomecânica ,
engenharia , fisiologia e psicologia .
No Reino Unido , um ergonomista tem graduação em psicologia, engenharia
industrial ou mecânica ou ciências da saúde, e usualmente grau de mestre
ou doutor em disciplina relacionada. Muitas universidades oferecem
mestrado em ciência, em ergonomia, enquanto algumas oferecem mestrado em
ergonomia ou mestrado em fatores humanos. Os salários típicos dos
graduados são de 18 mil libras a 23 mil libras, aumentando para a faixa
de 30 mil libras a 55 mil libras depois da idade de 40 anos. Os
excelentes salários contribuíram para uma crescente comunidade de
ergonomistas no Reino Unido. No momento existe já licenciatura em
ergonomia através da Universidade de Loughborough .
Em Portugal , a ergonomia está sendo desenvolvida por várias
universidades do norte ao sul do país, integrada a várias
especialidades, de acordo com a tradição anglo-saxónica, nomeadamente
psicologia, desenho industrial e engenharia de produção. A Universidade
do Minho confere o grau de Mestre em Engenharia Humana, representando
esta uma boa integração da Ergonomia com a formação de base em
engenharia. Na Universidade do Porto, em várias das suas Faculdades
desenvolvem-se trabalhos de investigação de elevado impacto evidenciando
a inter-disciplinaridade e com enfoque na eficácia da resolução de
problemas de pesquisa. Na Universidade de Aveiro, na Universidade da
Beira Interior, e na Universidade Nova de Lisboa, a pesquisa em
ergonomia é desenvolvida associada à engenharia industrial, e, ou, ao
desenho industrial ou à psicologia organizacional. Na Universidade de
Trás os Montes e Alto Douro esta pesquisa surge associada à engenharia
de reabilitação. Seguindo uma tradição francófona, com impacto reduzido
em termos de pesquisa, a licenciatura da Faculdade de Motricidade
Humana, situada nos arredores de Lisboa (junto ao estádio nacional do
Jamor), encontra-se homologada de acordo com os critérios definidos pelo
Centre for Registration of European Ergonomists.
No Brasil , a formação em Ergonomia tem como ponto de partida alguns
conteúdos no ensino técnico (liceu) e por disciplinas esparsas em várias
graduações, mais frequentemente nos cursos de Desenho Industrial
(Design) e Engenharia de Produção. Ela ocorre de forma mais efetiva
através de cursos de especialização (pós-graduação lato sensu ). Os
programas destes cursos de especialização normalmente incluem
conhecimentos básicos em Psicologia Sensorial, Cognitiva e Social, em
Antropometria e Biomecanica, em Fisiologia Humana e do Trabalho, em
Organização do trabalho acoplados a metodologias de projeto em Desenho
Industrial (Design), Engenharia de Produção e Arquitetura, assim como em
aplicações em Tecnologia da Informação. Algumas pessoas se instruem em
Ergonomia através dos cursos de pós-graduação stricto sensu , que
compreendem os mestrados em Desenho Industrial (Design) e em Engenharia
de Produção com linha de pesquisa em Ergonomia, assim como os doutorados
com esta mesma característica. Estes cursos aceitam graduados em áreas
como o desenho industrial, engenharia, fisioterapia e psicologia, mas
não conferem atribuição profissional, limitando-se a ter validade apenas
acadêmica. Atualmente só existe um curso de mestrado profissional, na
Universidade Federal de Pernambuco e nenhum de doutorado
específico em ergonomia no Brasil.
Áreas.
A Associação Internacional de Ergonomia divide a ergonomia em três
domínios de especialização. São eles:
Ergonomia Física : que lida com as respostas do corpo humano à carga
física e psicológica. Tópicos relevantes incluem manipulação de
materiais, arranjo físico de estações de trabalho, demandas do trabalho
e fatores tais como repetição, vibração, força e postura estática,
relacionada com lesões músculo-esqueléticas. (veja lesão por esforço
repetitivo ).
Ergonomia Cognitiva : também conhecida engenharia psicológica, refere-se
aos processos mentais, tais como percepção, atenção, cognição, controle
motor e armazenamento e recuperação de memória, como eles afetam as
interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos
relevantes incluem carga mental de trabalho, vigilância, tomada de
decisão, desempenho de habilidades, erro humano, interação
humano-computador e treinamento.
Ergonomia Organizacional : ou macroergonomia, relacionada com a
otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo sua estrutura
organizacional, políticas e processos. Tópicos relevantes incluem
trabalho em turnos, programação de trabalho, satisfação no trabalho,
teoria motivacional, supervisão, trabalho em equipe, trabalho à
distância e ética.
Aplicações.
Os mais de vinte subgrupos técnicos da Sociedade de Fatores Humanos e
Ergonomia ( Human Factors and Ergonomics Society - HFES) indicam a
ampla faixa de aplicações desta ciência. A engenharia de fatores humanos
continua a ser aplicada na aeronáutica , envelhecimento, transporte,
ambiente nuclear, cuidados de saúde, tecnologia da informação , projeto
de produtos ( design de produto ), ambientes virtuais e outros. Kim
Vicente , professor de ergonomia da Universidade de Toronto, afirma que
o acidente nuclear de Chernobil pode ser atribuído ao fato de os
projetistas da instalação não prestarem suficiente atenção aos fatores
humanos. "Os operadores eram treinados, mas a complexidade do reator e
dos painéis de controle ultrapassavam sua habilidade de perceber o que
eles estavam vendo, durando o prelúdio do desastre."
Assuntos de ergonomia também aparecem em sistemas simples e em produtos
de consumo. Alguns exemplos incluem telefones celulares e outros
dispositivos computacionais manuais que continuam diminuindo de tamanho
e se tornando cada vez mais complexos. No tempo em que gravadores de
vídeo-cassetes eram amplamente usados, "milhares de gravadores de
vídeo-cassetes continuavam piscando '12:00' em todo o mundo, porque
poucas pessoas conseguiam descobrir como programá-los" ou
"relógios despertadores que permitem usuários sonolentos
inadvertidamente desligar o alarme quando pretendiam somente silenciá-lo
momentaneamente". Um projeto centrado no usuário, também conhecido
como abordagem de sistemas, ou ciclo de vida da engenharia de
usabilidade ajuda a melhorar o ajuste entre usuário e
sistema.
Ergonomia e uso da habilidade de interfaces humano-computador.
A ergonomia é a qualidade da adaptação de um dispositivo a seu operador
e à tarefa que ele realiza. A usabilidade se revela quando os usuários
empregam o sistema para alcançar seus objetivos em um determinado
contexto de operação. Pode-se dizer que a ergonomia está na
origem da usabilidade, pois quanto mais adaptado for o sistema
interativo, maiores serão os níveis de eficácia, eficiência e satisfação
alcançado pelo usuário durante o uso do sistema. De fato, a norma ISO
9241, em sua parte 11, define usabilidade a partir destas três medidas
de base:
* Eficácia: a capacidade que os sistemas conferem a diferentes tipos
de usuários para alcançar seus objetivos em número e com a qualidade
necessária.
* Eficiência: a quantidade de recursos (por exemplo, tempo, esforço
físico e cognitivo) que os sistemas solicitam aos usuários para a
obtenção de seus objetivos com o sistema.
* Satisfação: a emoção que os sistemas proporcionam aos usuários em
face dos resultados obtidos e dos recursos necessários para alcançar
tais objetivos.
Por outro lado, um problema de ergonomia é identificado quando um
aspecto da interface está em desacordo com as características dos
usuários e da maneira pela qual ele realiza sua tarefa. Já um problema
de usabilidade é observado em determinadas circunstâncias, quando uma
característica do sistema interativo (problema de ergonomia) ocasiona a
perda de tempo, compromete a qualidade da tarefa ou mesmo inviabiliza
sua realização. Como consequência, ele estará aborrecendo, constrangendo
ou até traumatizando a pessoa que utiliza o sistema interativo.
Ergonomia e sistema da qualidade.
A ergonomia aplica-se ao desenvolvimento de ferramentas de ações
sistematizadas em virtude uma política da qualidade e a critérios de
averiguação de sua aplicação, como na assimilação da cultura do bem
fazer por bem estar e compreender, nas chamadas auditorias ou análises
de qualificação e mapeamentos de processos, e atinge a segmentos
diversos quando margeia a confiança aos métodos de interpretação e a
introdução de novos aplicativos, artefatos e até de gerenciamento de
pessoas inerentes ou inseridas a um grupo. Os sistemas de qualidade em
disseminação, quando de sua possibilidade em humanizar os processos
volta-se a racionalizar o homem ao sistema e a interface da pessoa com o
método.
Análise de acidentes.
A ergonomia tem importância especial na análise de acidentes, tendo sido
utilizada no processo de investigação das causas do acidente da Usina
Nuclear em Three Mile Island na Pensilvânia , Estados Unidos, conforme
apresentado no relatório " Report of the President´s Commission on the
accident at Three Mile Island" , publicado em 1979 .
No Brasil.
No Brasil , as condições ergonômicas de trabalho são regulamentadas pela
Norma Regulamentadora nº 17, do Ministério do Trabalho e Previdência
Social , que também dispõe sobre a utilização de materiais e mobiliário
ergonomia, condições ambientais, jornada de trabalho, pausas, folgas e
normas de produção.
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